dobrava o papel
mãos lépidas
intrépidas
tridimensionavam
o papel
faziam os dedos
mais
que
seu papel
dobravam o previsível
dobravam os sinos
dobravam
obtusa
oblíqua
mente
à guisa da
lente
do povaréu
dos túneis verdes
do borrão-breu
dobrava, calmamente
acariciava o metálico papel
dava-lhe vida
papel com alma
pois, diante dos dedos enrugados,
sorria, ébria, a menina
luz em meio aos olhares
perdidos
do vagão
Uma linda dobradura de palavras.