neste mar de cabeças ofegantes
que paira sobre a gris esfuziante
sobra-me o suspiro gelado da noite
e o desejo
de olhar
afasto as lentes para melhor distorcer
e, assim, aproximar, contorcer
dizer-me das pupilas distantes
o querer
poder.
estender as mãos esguias
ler as páginas volantes
canciones desesperadas
de boedo
sangrar, de forma calculada
numa razão desorientada
subir aos telhados rompidos
gritar nos ouvidos perdidos
o desejo
o olhar
o poder
o querer
os queres, autodevorados
os dizeres, multiplicados
os tempos, não marcados
confluem
terminam
agora
seque a minha lágrima invisível
diga-me o temor mais horrível
queima-me na tua fogueira irascível
morra, comigo, num instante
impossível
o desejo
o querer
num lampejo
de beijo
poder.
Obrigada, R.
Ia te dizer tudo. Mas foi numa outra janela 🙂