tortura-me
diuturna(mente)
sorumbática eloquente
às favas, apresente
copo de vida quente
lava, delícia,
de
lira
espirra a gota de luz
sorve o gole de vida seca
contraria o relógio ao voar, de veneta
morre com gosto, brota de novo, plana
equilibra, faz a partilha, separa o espanto das pétalas
ressurge num imperativo de dor e silêncio
espanca a alma velha com cacos de flor
traz para junto, olha o espelho maldito
rubro, infinito, efêmero
escuta a voz invisível que clama logo abaixo
na amplidão do hiato aberto n’alma
pesa o corpo leve em velocidade
cospe docemente na rotina
vê um NÃO! e se anima
aglutina, sussurra, assopra o fluxo
centrifuga o turbilhão, enfrenta o mundo
a veste da mundana lhe espera
meia-calça enredada, solilóquio-meio
de perdição
reflexo, reflete, quase pensa
embriaga de crispadas contraídas
aquece o corpo no calor da ferida
conta para si o segredo da vida
fecha o guarda-chuva
deixa lavar
entrega a blusa para o mar
pálpebras repousam no contemplar amargo
e uma onda de peixes e calores e insanidades
aproxima-se
canta versos
aproxima-se
arrebenta
e vai…