éramos nós
e um alexander gelado, servido apropriadamente
uma música inaudível à luz turva dos olhos profundos
círculo de noite densa, num maio gélido
garçons encardidos, piano puído, reticências
sopro obsceno do vento, solilóquios do estômago
extremos
éramos nós
licores de pêssego, subsolos, submundos
cigarros esporádicos, episódicas cantorias
um invadir a serra inesperadamente
um esperar contundente, alongado
fulminante em sua demora
éramos nós
apego de egos, entrelaçar de dúvidas
crianças perdidas num palco
nuas, expostas, trêmulas
por um fio
um ir e vir
um despencar saboroso da altura mais ampla
ápice dos desejos de qualquer infância
um rubor retinto de amor
éramos nós
um cinema apagado
carro rasgando túneis de luz e fuga
telefones mudos
vozes ocultas
éramos nós
éramos sonho
era tão
só.