Pudera contemplar o mundo de tua janela
As curvas esverdeadas das montanhas
O luzir intermitente dos rios
Tragar a parada do tempo
Sorver o perfume da espera
Vasculhar os cômodos das memórias
Amar-te sem tua presença
Escrever-te cartas não-remetidas
Brincar de fogo
Com tua ausência
Suplicar teus perdões e aceites
Diante do espelho
Vestir as roupas do teu armário
Polir o rosto com tuas cores
Escalar os saltos
Dos teus pecados
Ouvir tua voz nos gravadores
Ranger as portas
Bater panelas
Gerar o filho
Ou, talvez, Ela
Pudera contemplar o mundo de tua janela
Ser-te, lentamente
a cada hora
Sentir o eco da quimera
🙂