dedilhar páginas em branco
carinho no ar
desenhar com a ponta dos dedos
milhões de rostos
possíveis
chove: galões de cores
esbaldam sorrisos passantes
borram: exageros, errantes
escorregam nos desvios
sinais
do tempo
línguas debatidas
peixes mundanos
perdidos à vista
cantarolam destemidos
a doçura da tarde quente
os bronzes, os braços
as marchas, os passos
os dentes
expostos
espreguiçam
os mortos
rupturas
o ferro dos grilhões
purpurina-se
felinos
velhos e novos
liquefeitos, caudalosos
leito
deleite
espantos passam ao largo
prantos lívidos espiam do alto
inaudíveis, contemplam o alheio
a felicidade
o outro.