bar.

delicio-me com mais este gole. são tantos acumulados sob o pérfido néon desta redoma. meu psicanalista fugaz observa-me com a angústia que, no fundo, eu deveria ter. a incerteza sobre minhas respostas incomoda, assim como a imprecisão das poucas frases que me escapam. num giro súbito, vejo o completo panorama borrado ao meu redor. nada enxergo. tento novamente – devagar, desta vez: há um homem alto, com plena vocação para a máfia; barba por fazer, terno alinhado dentro de sua forma um tanto adiposa. no entanto, ele sorri e estende sua mão para a interlocutora com um anel. estão à beira do abismo, mal sabem. duas senhoras maldizem. tudo. reparam, reclamam, recalque. garçonetes: postes à espera. profunda espera. um pianista sente saudade da boca do lixo. ao fundo. errático. luzes amarelas lembram que a brancura sustentável ainda não contaminou todos os ambientes. noir. o bradar dos copos em pequenos choques próximos à pia gotejada localiza-me. sereno. estrangeiro. 

quem será a próxima a entrar?

Sobre Rodolfo Araújo

Jornalista, amante do teatro, um (des)crente (in)constante.
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