olhos

quanto dos teus passos poderia
ter seguido
enquanto, na mudez do desespero
espero
compasso

qualquer janela: paisagem nova
telhados aglomerados, profusão de cinzas
nublados

espectros numerosos, cabisbaixos
um lá e cá de vazios
solilóquios

são tantos os novos bairros
de cores – e ópios
as caras, as paredes, uniformes
os convites

da anil profundeza, soerguem esmeraldas:
olhos nativos do flanar
entre a surdez das buzinas e ambulantes
a desviar do sono murmurante de mendigos
semblantes

lugar-mosaico, sorrisos, palavras
sotaques de surpresa estrangeira
um acolher corajoso nos braços estranhos
embalam
amam

eis que te sigo nas tuas esperas
e travessias
nas dores e buscas dos novos dias
escapo, observo
desenho o mapa das rotinas
pronúncias
fugidas

vejo-te perdida-encontrada no fim da rua
esquina.
encontro.

o cenário se refaz aos olhos.
os olhos reluzem outro brilho.
descoberta.

Sobre Rodolfo Araújo

Jornalista, amante do teatro, um (des)crente (in)constante.
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