são gestos
maquínicos
replicantes, severos
cortantes
língua na lâmina
navalha
adiante
sem pensar
num quadro, quadrado
estático, urbano
ao relento dos panos brancos
da escuridão
teus caminhos esquecem
enquanto me lembro de ti
tuas voltas entontecem
me fazem querer repartir
o sonho
a volta
o canto
silêncios
caronas
entre luzes, néons
entorno no entorno de mim
perdido em breves sinais
cioso no cio constante
das letras, dos rastros, dos ais
um grito banha a cidade
nos prédios quero especular
o custo da tua espera
dos sonhos que me prometeste
da via tão circular
expulso de mim: o calor
escravo de mim: só há dor
espanto de mim: um pavor
espera por mim: por favor
perfumes entorpecentes
espectros de filmes velhos
sussurrante o jazz, sobrevive
nas frestas do pleno querer
anula tua volta em tempo
dança, agora, tão livre
respira minha vida, inteira
encontra a tua por dentro
escapa da desilusão
não me deixe acordar.