chuva

desenha, verticalmente
a transparência de si mesma
veloz, indolente
num cima-a-baixo irrefreável
circular, potente
inquebrável
esplêndida, em torrente
explodir
inevitável

da nebulosa espera
ao lançar-se, das trevas
junto a milhões aos seus lados
esguia, no início,
tímida, durante,
espraiada – depois

cristal selvagem
natureza pulsante: o caos
produto da retumbância cinzenta
das luzes sorumbáticas da tarde
um cair coletivo em bailar

deitada, multiplica-se junto aos pares
num leito
de lago, rio, chão e terra
desenha sorrisos em quem espera
desata palavrões nos desprevenidos
abraça amores urbanos
esmorece arroubos fugidios

um salto à morte
faz-se vida.

Sobre Rodolfo Araújo

Jornalista, amante do teatro, um (des)crente (in)constante.
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