desenha, verticalmente
a transparência de si mesma
veloz, indolente
num cima-a-baixo irrefreável
circular, potente
inquebrável
esplêndida, em torrente
explodir
inevitável
da nebulosa espera
ao lançar-se, das trevas
junto a milhões aos seus lados
esguia, no início,
tímida, durante,
espraiada – depois
cristal selvagem
natureza pulsante: o caos
produto da retumbância cinzenta
das luzes sorumbáticas da tarde
um cair coletivo em bailar
deitada, multiplica-se junto aos pares
num leito
de lago, rio, chão e terra
desenha sorrisos em quem espera
desata palavrões nos desprevenidos
abraça amores urbanos
esmorece arroubos fugidios
um salto à morte
faz-se vida.