Não são poucas as vezes
Em que o menino
Por trás do arbusto
Se esconde
Palpita-lhe o peito
A lâmina dúbia:
Ansiar pelo perigo
Sorrir de vida
Ficar ao relento
Enquanto cai o sereno
Agasalhar-se em longos
E sanguíneos beijos
Sentir-se em casa
No fora
Que, de tanto avesso,
É dentro
Vestido para festa
Por entre as folhas
Espiar o destino
E, num cerrar de olhos,
Embarcar
Apagar as luzes
Brincar com as sombras
Que só o breu
Faz sonhar
Pular no rio
E, na correnteza,
Ser o mar.