um sufoco comprimido
entre punhos cerrados
esfrega
no chapisco
a faísca
do rosto
desejos jamais
são impunes,
dizem os sacerdotes
quantos pregam,
praguejam, silenciam
vacilam à frente
do abismo
labirinto a soar
intransponível
um despencar gelado
infinito
grito explodido
em pranto doído
entre ontem
e o porvir
amargura em cada gole
um estar constante
num lugar outro
a driblar a quietude
e a paz renegar
as forças esmaecem
conforme passa o tempo
futuro em névoa
solilóquio tremendo
um fim cortante
em notas longas
um ocaso lento
de dor.