paulista

segure o bolso, camarada
guarde a chave da SUV, apronte-se:
vista o manto da corrupta federação do brasil
para a vênus platinada, arme o melhor sorriso

arrebente o pedágio ao vir: não se esqueça
sem olvidar as notas gélidas ao fim do mês
e o sacrossanto suborno aos fiscais
para, aos domingos, poder comungar

preserve a riqueza, companheiro
ostente o carro branco pelas vias
feche os ciclistas, maldiga as feministas
quebre o espelho para não argumentar

ocupe as ruas, saia a pé ao menos uma vez
infle seu pato de borracha
na imensa banheira da horda
cultive seus ídolos hipócritas
ornados com manchetes fétidas dos jornais

seja a média das classes
ponha abaixo de sua régua laminada
o resto: serviçais

avisto, ao horizonte, um amarelado mar
talvez sol, talvez urina,
sabe-se lá

ciente que o entardecer
é rubro
de amor

e uma cadeira vazia
de nada vale.

Sobre Rodolfo Araújo

Jornalista, amante do teatro, um (des)crente (in)constante.
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