corpos

é fatal toda euforia
como um saber-se na borda final
da história

como se os tecidos
amontoados pelos corredores
despissem o tempo velozmente
na direção de um suspiro
de fim

um acelerar de luzes periféricas
em meio ao louco passo de noites
ermas: anúncio

esquinas dobradas
desconhecidas manobras
costuradas entre quarteirões inéditos:
– espera

rumo ao breu das interrogações
enovela-se profundo tremor
línguas tecem oceanos infindos
mãos fincam suas pontas
em terrenos rubros
de tão férteis

faça-se a unidade destes corpos febris
paralelos às paredes
dos becos
esmiuçados em recônditos secretos
do calar

feito gatos à espreita da tragédia
esgueiram-se em labirintos imaginários,
dançam melodias improvisadas
ao sabor abrupto dos espasmos

sabem-se amantes
nos gritos agudos
da dor intensa
e regressiva

olvidam a finitude:
moldam-se, carnais,

entregues à renúncia:
resistir jamais.

Sobre Rodolfo Araújo

Jornalista, amante do teatro, um (des)crente (in)constante.
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