acorda, pele
elástica coreografia
de espanto
pelo dia
a recobrir, em retos feixes,
o corpo
o assombro do tempo
que molda o vazio,
rabisca o porvir,
cai com todo o peso
a tatuar sinuosas interrogações
nos poros que indagam:
e agora?
agasalha-se com a fumaça do cigarro,
traga uma réstia de gole perfumado
com a boca fugidia, amortecida
pelos brados da distante noite:
história
sente o ardor do sangue no ângulo de
cada contorno:
percebeu-se esculpida horas antes
refeita e entregue à escassez de palavras
lago esplêndido de dentes, peixes, dedos, promessas
memória
suas cores não mais lhe pertencem;
viu-se recoberta indelevelmente
pelo rastro do outro
a ausência imposta em sentença
para se refazer desejo
possível
passível
plausível
o sabor da carne
explode
na falta.