istambul

nas mesquitas, um grito
repetido, rivaliza
com o ruído da multidão
que aflora
das tuas entranhas,
também de fora
sedentos todos
pelo caos

tecido de cimento,
as vias embolam o tráfego
dos afetos e mercadorias
fluxo de excessos:
melancolia

a umidade dos banhos
evapora o cárcere vizinho
de seres empoeirados,
estátuas vivas
mortes ambulantes
terror

és a soma de tantos hiatos,
do Bósforo às fronteiras
que antecipas
no agridoce das tuas águas
revolvidas no choque
de hemisférios

vielas que cheiram
a carne queimada:
delícia e pena.

Sobre Rodolfo Araújo

Jornalista, amante do teatro, um (des)crente (in)constante.
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