Arquivo da categoria: poesia
superfície
plana, arrepia, eriça esfria, aquece, estica estilhaça, arde, adormece gera, espalha, pulveriza colore, aterra, erode oscila, rompe, vibra expõe, rotula, padroniza julga, descarta, vacila sangra, expele, sua sua.
piano
desejei-te primeiro, em todo meu sempre ouvir das tuas câmaras os ecos e temores dedilhar em teu corpo a partitura, desamores admirar teu brilho como quem resigna e consente: como poderia, entre tuas curvas, haver lógica tão evidente? matematizar os … Continuar lendo
quanto arde a impossibilidade de tocar-te desaparecer neste semblante de ternura ouvir no mais profundo silêncio a aurora revolver-me nos oceanos densos de teus beijos assim passas – e me iludes a mim escraviza: quanto cativa! anda feito sopro entre … Continuar lendo
oriental
concedam-me a permissão, cortinas negras da noite de vagar livre nas estranhas vielas do mistério a seguir os passantes em solilóquio contemplar as colunas infindas de mármore observar o líquido caldo portuário sob as réstias dos faróis persegui-la sem que … Continuar lendo
fenda
em cor alguma encaixa-se apenas o afogamento, o nó da gravata meio-certa dá a partida no motor, no automático no moto-contínuo deste giro caótico sob a fumaça densa dos cigarros escassos ou ônibus desregulados dos pares marcados feito bois mastiga … Continuar lendo
primaveras
a chama risca a linha reta povoada arranha-céus fazem sombra aos brados de naftalina jargões parecem ressurgir o trauma conveniente fecho a cortina conivente tergiverso do meu eco ironia experimento a surdez do chuveiro quente harmonia sorvo as goladas do … Continuar lendo
névoas
são muitas as cinzas polvilhadas neste pote antigo disformes também as que trafegam impunes pelos ares juntam-se em quadrilha, massificam em bloqueio, desafiam o halo diurno esfriam deprimem fraturam órbita nebulosa, correntezas violentas sobre os poros perdidas solilóquios na mansão … Continuar lendo
sublime cantar*
Perca sua voz nas frestas do ar toque a alma cansada do poeta a ninar acaricie o cabelo do homem que dorme de tanto chorar Perca sua voz no menino descalço amenize nas rugas da lavra o grande percalço rompa, … Continuar lendo
milugares
estrangeiras as línguas pretensiosamente infinitas turbilhões de mares inéditos furtivos quadros negros de solidão a noite absorta de lágrima apaga o cigarro enche a brasa da carne dura tensão escolástica do corvo vil espólio sorumbático da vida pregressa lugar, espírito, … Continuar lendo
acústica
feito cofre perdido na selva todos observam a redoma vidro, reflexo, calor concentrado ar-condicionado, afetado, rareado oxigênio-luxo, pensamento-padrão horas manualizadas, teclados em riste dedos de aluguel, cérebro maquinado virtuais verborragias congelamento, algemas, bateoponto escarra no espelho do banheiro a hora … Continuar lendo